Devo aos meus leitores um sincero pedido de desculpas. A última publicação em que trato de algum aspecto pessoal meu, ou em que abordo assunto mais complexo que simples críticas de filme, é de junho de 2022. Muito tempo. Tempo demais. Sem querer repetir o que certamente nos demais textos já está abundante, mas arriscando ainda assim fazê-lo, é provável que nesse meio tempo eu tenha me perdido. A verdade é que os últimos meses (e, em particular, os últimos dias) têm sido uma intensa batalha entre partes de mim mesmo, algumas as quais eu nem sequer sabia da existência, e outras que francamente me assustam. Apesar disso, posso informar que estou tentando. Quem quer que seja esta nova pessoa que em mim reside, esse ser de indecifrável mistério e de estranheza mórbida, posso atestar que ele tenta, a passos incertos e talvez desesperados, encontrar o caminho de volta. Porém, não é disso que venho falar hoje. Essas desculpas que aqui peço a vocês que ainda continuam por aqui — e também a mim mesmo — também contextualizam o tópico desta publicação. Vamos conversar um pouco sobre quais serão os rumos do gabesness; no ano de 2024.
Ingredientes incluem literatura, opinião, computação, poesia, música. Pode conter traços de política e outros intensificadores de sabor. Alérgenos: contém verdade e sentimentalismo.
domingo, 25 de fevereiro de 2024
Planos para 2024
A primeira e mais óbvia ideia é, sim, continuar com algumas coisas que já faço aqui. Não pretendo parar com as críticas, porque já é um costume conversar com os amigos sobre algum filme ou livro de que gostei muito (ou, em raras exceções, daqueles que foram chatos). Em 2024, quero voltar a ler mais, e consequentemente quero que as resenhas de livro se façam mais presentes no blog. Há algo fascinante em imergir num livro, porque dura muito mais tempo do que um filme. Olhamos para uma tela por duas ou três horas, mas os livros nos acompanham por dias ou semanas inteiras, os personagens passeiam conosco pela cidade, as ideias nos levam à cama e nos fazem café da manhã. Gostaria de compartilhar com vocês que, no momento, estou lendo A Jangada de Pedra, de José Saramago, pela terceira vez — comecei em 2021, mas acabei largando; recomecei em 2023, mas também fui esquecendo pela rotina. Dessa vez, quero reconstruir o hábito da leitura que tanto nutria quando adolescente. Quando terminá-lo, podem esperar (e cobrar) uma resenha nova na série Posfácio.
Entretanto, não é só com filmes e livros que passo meu tempo livre. Também adoro jogos de videogame desde criança, e o hobby nunca foi embora. E, considerando que os jogos são um meio mais recente de contar histórias, existem alguns que realmente me cativaram durante esses anos todos. Então pensei: por que não tratar deles também no blog? Afinal, os temas e as ideias abordados por alguns dos meus jogos favoritos são tão profundos e complexos como qualquer filme ou livro, então merecem um espaço. Portanto, é isso que irei fazer. Não sei se essas publicações farão parte de uma coletânea, como é o caso com os Posfácios e Pós-créditos, mas podem ter certeza de que eles se farão presentes aqui. Esperem mais textos como A solidão partilhada de Death Stranding. Acredito que em uma realidade alternativa, na qual minha qualidade maior fosse a edição de vídeo, todos esses textos poderiam virar vídeos-ensaio, do tipo que aparecem, invariavelmente, no feed de todos no YouTube. Quem sabe, talvez eu venha a fazer algo parecido, mas se o fizer, deverá ser nos moldes saudosistas que o gabesness; se propõe a ser: seria um gabesness.tv! Realmente essa conversa dá muito pano pra manga, mas deixemos o tempo fazer os seus truques de mágica…
Percebo que vez ou outra preciso ficar me relembrando de que o meu blog é um espaço pessoal, e principalmente um espaço meu, onde posso compartilhar literalmente o assunto que eu quiser, sem me preocupar com uma agenda ou com desvio de tema. Apesar de estar logo na minha cara sempre que entro no site, eu deveria ler mais e internalizar o subtítulo que eu mesmo fiz: “Ingredientes incluem…”. O objetivo sempre foi a pluralidade, um conjunto parcialmente organizado de pensamentos. Fazendo jus a essa definição, pois, decidi que irei escrever também de forma mais informal sobre alguns outros projetos que tenho em mente e/ou em execução. É claro que talvez eu precise omitir uma coisinha aqui ou ali, afinal não quero entregar tudo de bandeja, mas sim instigar o leitor. Ou talvez eu queira mesmo entregar tudo de bandeja e registrar o máximo de detalhes que eu puder, manter um diário para as minhas criações. De certo modo, faço do meu carinhoso site um rico álbum de fotografias verbais, um portfólio de pinturas desenhadas em português brasileiro sobre uma página HTML/CSS, um ateliê em forma de endereço eletrônico. Seja como for, penso que é hora de deixar transbordar para o gabesness; o Gabriel escritor literário, o Gabriel desenvolvedor de software, o Gabriel designer, o editor de vídeo, e quaisquer outras facetas que venham a se desenvolver nessa duradoura jornada criativa.
Não vou entrar em muitos detalhes agora, até porque não é esse o objetivo da publicação, porém posso dar algumas pitadas do que vem por aí: atualmente eu estou escrevendo um segundo livro, então gostaria de compartilhar um pouco dos bastidores e da história da sua concepção; além disso, também estou fazendo o meu trabalho de conclusão de curso com meu amigo João Victor (o eterno Banana), que é um programa para o hospital universitário da minha cidade, e quero trazer um pouco do progresso do desenvolvimento para vocês, contar os detalhes das decisões estruturais e estéticas tomadas, dos problemas que inevitavelmente teremos que lidar, entre outras coisas. É um lado meu que pouco explorei durante os anos por aqui (salvo alguns breves comentários e aquela vez em que eu tentei consertar o SIGAA), e que acho que faria bem expor mais detalhes. Possivelmente alguém da computação possa ler os textos e achar relevante. É o que sempre quero, no fim das contas: que alguém se identifique, que a minha realidade possa ser a de outra pessoa, assim quem sabe eu me sinta menos solitário nos meus pensamentos. Apesar da frase de efeito pesada, estou otimista em relação à inclusão dos novos tópicos para dentro desse emaranhado de ideias.
Para finalizar esse breve anúncio, quero compartilhar que tenho em mente algumas coisinhas a mais para o blog, mas que não caracterizam necessariamente uma mudança no conteúdo em si. Porém, asseguro a vocês que meu intuito permanece sendo o de preservar a essência do gabesness; e do que imaginei pra ele: um local de saudade, de desabafo, um café, um encontro num terraço num fim de tarde, uma vírgula na frase sem pausa que são os dias úteis e o futuro que chega a passos acelerados, a fração de calmaria e sanidade no meio de uma crise de ansiedade, o descanso que não é o último, mas que permite um cochilo, o ponto e vírgula que ele carrega em seu nome, e que carrego em minha personalidade (talvez haja ainda texto que explique isso melhor, mas por ora a metáfora é suficiente).
A primeira delas é mais estética. Apesar de eu ter interesse em manter a aparência simples e não optar por leiautes modernos no blog, já faz algum tempo que fico olhando para o site e pensando se poderia acrescentar algo a mais, deixá-lo mais bonito sem recorrer a uma mudança drástica. Parece que na minha imaginação pouco existente eu já estou chegando em algum lugar, e uma etapa da mudança eu já consegui concluir — embora não esteja ainda em vigor. Essa questão em particular eu vou deixar sob sigilo por ora, porque outro dos rascunhos que comecei recentemente trata exatamente dessa mudança. Por isso, vocês ficarão na curiosidade por enquanto. Mas saibam que estarei fazendo testes. Algum dia pode ser que você acesse o blog e esteja um pouco diferente do que você lembrava. Faz parte. Quando estiver completo, eu anuncio. Até lá, sintam-se livres para supor como será o visual novo (Um adendo: sei que as atualizações por e-mail não estão funcionando mais, o Blogger parou de oferecer esse serviço há algum tempo. Vou tentar fazer uma versão própria desse sistema para que vocês possam receber os novos posts por e-mail quando houver novas publicações).
A segunda diz respeito à escrita, sim, mas não ao que eu escrevo. Admiti a mim mesmo que passei muito tempo me subestimando como escritor. Afinal, eu já tenho um livro publicado, mesmo que não seja um livro digno de grande sucesso, ainda assim o primeiro passo já foi dado. Se quero fazer do escrever a minha profissão, ou no mínimo uma parte significativa da minha vida, então é preciso me levar a sério. Isso se refere tanto aos meus direitos, como o de me reconhecer e me portar como escritor, quanto aos meus deveres, como o de ter a disciplina para escrever, mesmo quando as condições não forem as melhores. Pois trabalho é trabalho, e faltas injustificadas rebatem no contracheque. Por que não deveria ser diferente com algo que faço e que quero tornar oficial?
Pensando nisso, estou com o objetivo de ter uma escrita constante, preciso criar o hábito especialmente para o livro que estou fazendo. Consequentemente, isso se aplica também ao blog. Firmo aqui o meu compromisso comigo mesmo e com os leitores de manter a frequência anterior de textos mensais, ou senão mais frequentes. Pretendo alocar um tempo dos meus dias, da minha semana, para estar totalmente livre e me permitir escrever. Não apenas isso, mas irei estudar formas de tornar o blog mais visível e de alcançar mais pessoas, ainda que o que eu escreva aqui não seja exatamente comercial ou mainstream. Fiquem tranquilos, com isso não pretendo colocar propagandas no site ou nada parecido. Mas quero começar a fazer meus testes de divulgação e promoção daquilo que faço, pois ser escritor é também ser lido, e ser lido é, por sua vez, ser visto. Como disse, isso não vai afetar o conteúdo das publicações, é uma camada externa aos textos. Não é fácil ter um blog quando o ápice desses sites foi há vinte anos, mas parece que a minha vida tem sido perseverar as dificuldades, mesmo com o olhar pessimista que teima em não largar da minha cabeça. Que seja. Encaro com prazer o desafio. Os calos serão úteis para quando o livro tiver de ser publicado.
Bom, acho que por hoje é isso. É uma retomada daquilo que não deveria ter parado. É verdade que ultimamente tenho me sentido mero efeito colateral, um produto das circunstâncias do meu ambiente tenho perdido meu senso de agência e liberdade. Não está sendo fácil conviver com essa noção, posso afirmar que é um sentimento de causar extrema ansiedade. Mas confio que o planejamento que aqui fiz será útil para amenizar um pouco e recuperar a sensação de controle. Hoje não haverá conclusão bonita, como costumo fazer, amarrar o fim ao início, pois nem sempre as conclusões são bonitas. Mas são o melhor que eu pude fazer. E no momento, isto basta.
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