terça-feira, 15 de junho de 2021

O fim inacabado de uma vida interminável

 Pare o que está fazendo agora. Esqueça-se dos planos que tinha para hoje à noite, e venha até mim escrever o que sente. Faça a única coisa que realmente sabe fazer, e coloque-se numa vitrine repleta de frases soltas, textos soltos, pedaços desconexos, jamais finalizados. Observe os livros de sua estante, todos com marca-páginas em posições mais ou menos intermediárias, todos eles. Note as folhas de sulfite da gaveta, um amontoado carente de conclusões. Os arquivos pela metade, as ideias nunca polidas, as sentenças sem ponto final. O oceano sem fim de fins inalcançados. Vê um padrão na incompletude de sua vida?