segunda-feira, 30 de novembro de 2020

o escritor desabafa outra vez neste fim de ano

Fim de novembro. Parece-me que minha meta imaginária de publicar um texto por mês neste blog se vê mais uma vez comprometida. Não que eu me importe tanto assim, eu costumo respeitar o ritmo da minha inspiração mais do que os meus próprios, às vezes. Apesar disso, vejo este site bem encaminhado pelos meses que virão a seguir. Ainda restam alguns rascunhos a se explorar. Esta publicação, por outro lado, não é um deles. Seu nascimento veio, como já se pode imaginar, de uma necessidade repentina de escrever sobre o escrever. Parece-me também que aqui se encontra um amontoado de reclamações e súplicas literárias que outrora comporiam páginas de um caderno qualquer. Mas, se me permite uma pequena confissão, eu não era muito adepto do papel e da caneta quando comecei a escrever. Havia algo de interessante em digitar. Acho que a melhor vantagem para mim sempre foi a velocidade. Quase sempre eu penso em várias coisas diferentes ao mesmo tempo quando faço um novo texto. Ideias contrárias, complementares, tangentes, comentários adicionais, decisões estéticas — tudo isso corre muito rápido dentro de mim, e às vezes é difícil acompanhar. Quando estou digitando, porém, tenho a sensação de que as teclas conseguem acompanhar as sinapses razoavelmente. Tenho tido aventuras em papel, sim, mas são experiências sensorialmente diferentes. Escrever para o gabesness; é um trabalho que gosto que seja digital. Gosto de ouvir o som do teclado e do meu progresso gradual, frase a frase. É gostoso. Mas não é tudo. Passam-se os dias, passam-se os meses, e volta e meia torno a salivar pela escrita literária, pelos contos, pelos poemas.