quarta-feira, 28 de outubro de 2020

gabesness.com — novo site, antigas memórias

Se você ainda não percebeu, tem uma pequena diferença neste blog. Sutil, mas marcante. Se você reparar na URL (o endereço), o site agora é, oficialmente, gabesness.com! Não tem mais o "blogspot" no meio. Depois de quase dois anos escrevendo aqui, eu decidi que era hora de dar um passo a mais e comprei um domínio personalizado. Pode não parecer muito (também não foi nem um pouco caro para mim), mas sempre dá uma pontadinha de orgulho e felicidade ao ver cada pequeno crescimento, cada pequena decisão que deixa o que você faz do jeitinho que você imaginou. Comemorando a mudança do site, quero compartilhar minha estrada até aqui. Tenho muita coisa a falar. É sobre essa gratificação gradual que decidi escrever.

O passado

Eu tenho vagas lembranças do dia em que decidi criar um blog. Não este. O meu primeiro, em 2010. Falei sobre ele no meu primeiro post daqui, mas quero dar mais detalhes a isso, porque, sempre que minha trajetória no mundo da escrita me vem à cabeça, a importância que dou para esse momento aumenta cada vez mais. Eu sinto como se não desse o devido crédito ao meu eu de dez anos, pois, não fosse a ideia dele de entrar no BlogSpot e ter a grande realização de criar um site pessoal, talvez eu não tivesse pegado o gosto por escrever. Repetindo um pouco o que já falei antes, eu era uma criança sozinha e não fazia muita coisa fora de casa, então cresci com a companhia majoritária do meu computador da época. Naturalmente, joguinhos, YouTube, blogs, todas essas coisas estiveram na minha vida desde muito cedo. Minha rotina hoje em dia não é lá tão diferente do que há dez anos, tirando as infelizes obrigações e preocupações com o futuro, é claro. Meu entusiasmo pelo blog me fazia escrever frequentemente — mais do que por aqui, se estão curiosos — e mesmo que fossem textos bem simples e corriqueiros, aquele hábito criou em minha uma paixão, ainda que pequena. Mais tarde, ela viria a ser explorada outra vez, de forma mais profunda, e resultaria num Gabriel que não consegue imaginar uma vida sem escrever. Eu subestimei durante muitos anos o meu primeiro blog. Eu sempre fui feliz por tê-lo tido, isso nunca foi uma questão. Mas apenas agora eu reconheço que aquele foi o primeiro passo rumo ao que se tornaria o grande amor da minha vida, o propósito que encontrei para acordar todos os dias e dormir todas as noites. Pode soar piegas, mas esse é um dos textos mais sentimentais que escrevo para cá.

Existem pequenos detalhes do passado que gostamos de cultivar e trazer, sempre que possível, para o presente. Lembro-me de passar pelo guia do Blogger e de escolher um tema para o meu site, que foi e sempre será o "Tema Simples". Se você já se perguntou o motivo pelo qual o gabesness; tem essa escolha de cores e essa aparente falta de conteúdo, saiba que é porque ele nasceu como um sucessor espiritual do primeiro. Quando decidi voltar, eu queria que o novo lembrasse o antigo em vários aspectos. Eu queria me reconectar com o blogueiro de dez anos, queria tentar enxergar o mundo àquela maneira mais uma vez. Posso dizer que consegui. Sinto-me completamente feliz com o que faço aqui, como fui antigamente. Um ambiente de leveza, emoção e divertimento. Escrever aqui me faz muito bem, independentemente das visualizações. Eu divulgo aqui e acolá porque, obviamente, leitores são o que escritores almejam. Mas eu sou um forte adepto da filosofia de que a arte é um espaço pessoal compartilhado. Sendo assim, escrevo para mim mesmo em primeiro lugar. Quem quiser pegar carona, sinta-se convidado. Mas estas serão sempre as minhas palavras.

Infelizmente, o blog inicial não durou muito: minha última publicação lá é de abril de 2011, o que dá uns seis meses de atividade. Como tudo na minha vida, foi um interesse que veio e se foi. Eu tenho interesse por coisas demais que quase sempre não dão em nada, e é uma coisa que me preocupa às vezes. No entanto, durante esse curto período, adquiri o hábito que me acompanha por mais tempo e o que me levou a escrever meus contos, poemas, crônicas, o que quer que seja. Curioso como uma pequena fagulha pôde criar um fogo monumental, mesmo depois de tantos anos de pausa.

O presente

Escrever aqui é um prazer imenso. Eu procuro escrever um texto por mês, mais ou menos, porque quero manter a atividade que não tive no blog anterior. Nem sempre consigo, mas tento. Percebi também que meu estilo aqui geralmente consiste em textos mais longos, como críticas, análises, etc. Não que isso seja ruim, é claro, mas eu me via mais e mais caindo no recorrente problema de autoimposição. Vendo que era esse o estilo predominante, eu me sentia um pouco restrito quando queria fazer algo mais simples, ou mais pessoal. Mas, posteriormente, eu me lembro do motivo pelo qual estou aqui. A própria definição deste site presume a irrestrita gama de assuntos que podem vir à tona. O gabesness; é o que eu quiser que ele seja. Fácil esquecer-se de suas motivações para se fazer o que faz quando se torna uma rotina. Felizmente, minha inspiração nunca falha em me manter atento a esse fato. Sempre que tenho uma ideia para um texto, eu já sei imediatamente aonde ele pertence. Nem tudo que escrevo está aqui. Meus trabalhos mais literários estão, em sua maioria, no Wattpad e no Medium. Aqui tem uma personalidade diferente, por mais que eu me permita falar sobre qualquer coisa. Eu gosto de ver ambos existindo simultaneamente e tendo suas peculiaridades.

Além disso, eu escrevo bem mais aqui do que nessas outras plataformas. Escrever um conto ou um poema requer bem mais de mim do que fazer uma resenha de livro ou simplesmente contar uma história da minha vida. Eu me beneficiei bastante desse fato, porque, embora trabalhar na literatura seja infrequente, escrever para o blog todo mês, nem que seja algo mais simples, me mantém praticando. Tanto é que, quando decido que é hora de ir para o trabalho pesado, eu não me sinto tão "enferrujado", digamos assim. Para os escritores que me acompanham (se é que tem algum), este é um conselho que fica para vocês: um blog é uma ótima maneira de manter-se ativo na escrita, sem falar que você abre a possibilidade de falar sobre assuntos fora do campo literário que você gostaria de abordar.

Alguns meses atrás eu fiquei um tempo sumido por aqui. Acabei desviando minha atenção para outras coisas e tirei o foco do site. Não me sinto culpado, simplesmente aconteceu, às vezes não me vinha nada para dizer; e tudo bem, eu prefiro o silêncio à fala forçada. Agora parece que está tudo normal de novo, eu tenho várias ideias em mente para continuar os posts, sendo este uma delas. Já tem um tempo que o site mudou de endereço, mas eu estava ocupado escrevendo o post anterior na época.

Falando um pouco mais disso, a ideia de comprar o domínio é muito mais antiga do que vocês podem imaginar. A primeira vez que tive contato com isso foi lá no início do ano passado, quando eu estava mexendo nas configurações do blog para fazer o botão de "ler mais" que vocês hoje veem na página inicial. Eu vi a opção de personalizar o endereço, mas não dei muita atenção àquilo naquele momento. Só que os meses foram passando, o conteúdo ia aumentando, e aquela ideia retornava — raramente, devo dizer, mas eu não me esquecia nunca da possibilidade. Foi apenas nesta pandemia, bem recentemente, que me vi mexendo mais uma vez nas configurações, e me deparei, de novo, com o botão de customizar domínio. Naquela hora, eu me lembrava bastante do primeiro blog, do quanto eu havia percorrido desde então, de quanto pude continuar uma história que tanto importava para mim e para mais ninguém. Nas grandes decisões que dizem respeito aos rumos deste site, eu comparo e reflito sobre a vida de dez anos atrás. Aqui foi o mesmo. Quando aquele guri de 2011 iria imaginar que teria um site que seria só o pontocom? Que seria só o seu título e mais nada? Uma marca, um site oficial, praticamente! Ele ficaria muito, muito feliz. A decisão foi bem rápida, na verdade. Não havia dúvida em minha mente. Passadas algumas semanas e alguns perrengues (até tive que fazer outra conta bancária, porque o Google Pay não aceitava meu cartão), eu finalmente havia comprado o domínio gabesness.com. Era o meu blog. Era o meu site. Era mais uma conquista em um desejo iniciado muito tempo atrás.

O futuro

É impossível dizer o que se passará pela frente. Eu não sei o que pode acontecer daqui a um ano, nem daqui a seis meses. Gosto de pensar no que tenho agora e na minha satisfação com o que faço hoje. Tenho ideias, tenho projetos para cá. E mesmo assim, do mesmo jeito que aconteceu da última vez, tudo isso pode simplesmente parar de repente. Eu gostaria que não, mas quando se trata do meu lado criativo, eu sou mais uma vítima do que um agente. Apesar de ter dito isso, não me vejo parando tão cedo. Criei um apego enorme com o gabesness;, assim como tenho com o meu primeiro livro. Ele representa uma parte muito grande da minha carreira de escritor, se é que assim posso chamar o que faço. Quero cuidar dele, quero vê-lo crescer, amadurecer, mudar com os anos e acordar cinco anos depois me lembrando de como era quando eu tinha começado. Fazer posts sobre os primórdios, mantendo sempre essa postura de disco arranhado que tenho, de ficar repetindo as mesmas histórias e os mesmos assuntos inúmeras vezes.

Acho que não existe nada mais importante do que os momentos e as memórias que fazemos deles. Escrever aqui é fazer um álbum com os momentos criativos que tenho em dias costumeiros, mas que não se voltam para o âmbito mais polido da literatura. Os textos ficam aqui, bonitinhos, para quem quiser acompanhar algumas palavras soltas de um escritor qualquer. Não importa o escritor, importam as palavras. É disso que se trata. Ao fim do dia, os nomes são esquecíveis, mas os sentimentos que se evocam de uma frase lida podem perdurar uma vida inteira. E eu só quero me divertir. Eu quero escrever neste lugar e me emocionar, dar risada, ficar puto, me empolgar, reler várias vezes pra ver se ficou bom... Eu só quero essa felicidade mensal, e aumentar a minha coleção de memórias com a escrita, que comecei há quase uma década. Dez anos se passaram, e ainda me encontro aqui. Dez anos se passaram, e ainda tenho um blog. Dez anos se passaram, e eu ainda escrevo. Eu ficaria orgulhoso, e estou orgulhoso. Estou exatamente onde gostaria de estar.

Eu não sei dizer exatamente por que parei de publicar no blog. Pelo que me lembro, foi a época em que descobri o mundo do YouTube mais a fundo, e estava crescendo muito a vertente dos vloggers, com PC Siqueira e Cauê Moura. Eu tinha planos de entrar no ramo também, com a handicam da Sony do meu padrasto que ele levava para as viagens. Ambicioso para um menino de onze anos, eu diria. Mas isso é história para outro dia. Este texto é, também, um agradecimento tardio. Uma ode à minha infância. Gratidão é tudo que posso sentir em relação aos meus dias de criança, e tento constantemente manter o espírito pueril vivo. O tempo chega para todos, assim como a vida adulta. Por mais que busquemos retardar os finais, a despedida sempre nos vem bater à porta, hora ou outra haveremos de olhá-la nos olhos. Nada nos impede, entretanto, de guardarmos um portarretrato na mala, um suvenir do que éramos e do que fazíamos noutros tempos. Uma das minhas fotografias do passado com certeza é o meu primeiro blog, e este aqui é uma recriação do retrato original. Já este texto, isto é o que encontramos escrito no verso da foto. Aquele recado que tenta traduzir em palavras um momento, sempre em teor nostálgico, com uma data e uma assinatura:

Obrigado por tudo!

Com saudosa lembrança,
Gabriel Cardoso.













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