<h3> A (im)popularidade </h3>
Há um ano, eu decidi ingressar num projeto de software com um amigo meu. Não é uma coisa muito complexa, mas requer tempo, dedicação e estudo consideráveis. Mais recentemente, comecei a aprender o necessário para se montar uma página da Web, já que planejamos uma aplicação em navegador para nosso produto. Entre as ferramentas, está a famosa linguagem HTML (quase sempre vinculada, aliás, com sua parceira inseparável, CSS). O motivo por tamanha fama é bastante simples: ela é o esqueleto de todas as páginas de Internet que você vai encontrar na vida, pelo menos até o momento em que este texto está sendo produzido. É com ela que os sites que você acessa são feitos.
Porém, existe, desde muito tempo, uma grande discussão sobre a natureza do HTML. Seria ela uma linguagem de programação? Essa pergunta aparece em massa em discussões entre programadores, cientistas e engenheiros da computação e web designers. Não é raro ver memes sobre isso, também. Quase sempre dizendo que quem é programador de HTML não é programador de verdade, mais ou menos nessa linha de raciocínio.
Apesar da chacota, muitas pessoas ainda têm dúvida sobre HTML. Na publicação de hoje, eu pretendo dar uma resposta simples e fácil de entender, embora eu não seja um teórico da computação. Que tal, então, começarmos com uma clarificação? Vamos ver o que é, realmente, essa linguagem tão presente e tão zoada.
<h3> O que é HTML? </h3>
HTML é uma abreviação para Hyper Text Markup Language (Hipertexto de Marcação de Linguagem). É uma linguagem de marcação usada na construção de páginas da Web, como já dito anteriormente. Os arquivos, de extensão .html ou .htm, podem ser interpretados por navegadores e, assim, fornecem a fundação para os sites.
A linguagem nasceu no início dos anos 90, e foi criada pelo físico Tim Berners-Lee. Desde então, vem se aprimorando e, atualmente, está em sua versão 5.2. A grande vantagem do HTML é que, mesmo depois de décadas de mudanças, os navegadores ainda são capazes de interpretar, sem grandes problemas, os códigos das primeiras versões da linguagem.
O diferencial de HTML é a sua sintaxe, que consiste no uso de marcadores (tags). Esses marcadores especificam o tipo de informação contida entre eles e instruem os navegadores, sendo uma espécie de "legenda" para a planta do site, que seria o código como um todo. Existem marcadores para indicar títulos, subtítulos, parágrafos, imagens, formulários, entre muitos outros. A maioria desses tipos é, na verdade, composta por um par de marcadores, que indicam o início e o fim do bloco de código. Um exemplo seria <p> isto é um parágrafo </p>. O marcador "p" define um parágrafo.
Além disso, os marcadores podem receber diversos atributos, que são propriedades adicionais para estilização, demarcação ou especificação de um bloco de código. O marcador <a>, por exemplo, requer um atributo chamado href, que deve ser preenchido com um endereço virtual (URL ou um caminho no seu próprio computador). Isso porque o <a> especifica um link em uma palavra e, portanto, precisa de um endereço ao qual levar. Até mesmo a palavra pudim pode virar um link nas mãos dessa ferramenta.
Ok, tudo isso é muito bonito e você já tem uma boa noção do que estamos falando aqui. Mas você provavelmente veio aqui para saber a resposta da pergunta no título. Então, vamos logo a ela.
<h3> Veredicto </h3>
Sinto dizer, mas HTML não é uma linguagem de programação, se levarmos em conta as definições principais do termo. Uma linguagem de programação é definida como uma linguagem formal utilizada para passar instruções para um computador. Seu uso também está relacionado à descrição de algoritmos e produção de software*. Em resumo, é o idioma através do qual programadores se comunicam com os computadores.
HTML, por sua vez, não passa de um sistema de marcação e estruturação de páginas web. De fato, pode-se argumentar que o HTML transmite instruções para apresentação do conteúdo da página. Porém, não se pode dizer que há comunicação entre o programador e o computador. Não apenas isso, o HTML é incapaz de fazer a grande maioria das coisas que são a base das linguagens de computação, como declarar variáveis, criar funções, controlar o fluxo de execução, etc. Não que isso seja uma desvantagem. O ponto é que ela não possui essas características pelo simples fato de não ser este o seu propósito. Como linguagem de marcação, seu dever é majoritariamente descritivo (no máximo, ela é responsável por enviar dados obtidos do usuário a outro lugar, para serem processados lá).
Se você quiser, nada te impede de redefinir o que seria uma linguagem de programação para encaixar o HTML nesse novo significado. Mas o consenso geral é o que eu acabei de apresentar.
*Definição obtida de https://techterms.com/definition/programming_language
*Definição obtida de https://techterms.com/definition/programming_language
<!-- Último comentário -->
Ainda que HTML não seja mesmo uma linguagem de programação e que os "programadores" de HTML não sejam tão programadores assim, eu gostaria de fazer uma observação. O HTML é apenas uma pequena parte do desenvolvimento Web (Web development). Sem entrar em muitos detalhes, ele, junto com o CSS, fazem parte do front-end de uma aplicação, ou seja, a parte gráfica, de interface e design. Eles são os agentes capazes de deixar tudo bonito e bem organizado. Porém, aquele que trabalha nessa área tem muitas outras preocupações, dentre elas o back-end - a parte que ninguém vê. É lá onde ficam todos os dados do site, geralmente num banco de dados. Além disso, existe a camada de mediação entre o front-end e o back-end, a camada de segurança... Para cada uma dessas atribuições, há outra linguagem por trás: SQL, PHP, Ruby são as mais comuns.
Portanto, quem mexe com web e HTML pode ser, nesses casos, chamado de programador. Às vezes, até mais do que alguns outros que só sabem fazer um "Hello, World!" no terminal.
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Finalmente, eu gostaria de falar sobre um fato inusitado que me ocorreu. Eu estava na faculdade num dia qualquer e fui na lanchonete para comer. Coincidentemente, encontrei meu ex-professor de estatística aplicada, matéria que eu havia pegado no semestre anterior. Enquanto conversávamos, ele mencionou que havia corrigido a minha última prova e lido meu comentário (eu tinha escrito para ele um recado final, agradecendo pela boa didática durante o semestre e, como não deixo nenhuma oportunidade de dar risadas passar, divulguei, também, o meu blog). Então, ele disse que gostara muito do meu conteúdo e da forma com a qual eu escrevia, e disse também que acompanhava as postagens. Eu fiquei muito surpreso, eu não imaginara que ele realmente tinha se prestado a acessar este humilde site. Isso me deixou muito feliz, porque pude ver pela primeira vez um leitor do blog que não fosse meu amigo ou minha namorada. E também pude receber um feedback importante para qualquer produtor de conteúdo.
Fica aqui a minha homenagem e o meu agradecimento, professor Raphael. Espero que continue acompanhando o blog e que goste do que faço por aqui!
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